Apropriação global de terras (global land grabbing) e uso corporativo do território: verticalidades e horizontalidades no Matopiba
USP 2023-06-23

Apropriação global de terras (global land grabbing) e uso corporativo do território: verticalidades e horizontalidades no Matopiba

Bruno Rezende Spadotto
Unidade da USP
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

Tese de Doutorado

Resumo em português
O objetivo geral deste trabalho foi compreender a influência do processo de apropriação global de terras (global land grabbing) nos usos do território brasileiro, mais especificamente nas regiões do Sul Maranhense e Sudoeste Piauiense, situadas na macrorregião Matopiba. A apropriação global de terras pode ser definida pela arremetida fundos de investimentos privados e públicos por terras e recursos nas décadas de 2000 e 2010, período de grande volatilidade e especulação sobre os preços das commodities agrícolas. O fenômeno é contemporâneo ao processo de financeirização do agronegócio e da tentativa da conversão de terras agrícolas em um ativo financeiro. Foram realizados três trabalhos de campo de longa duração nas regiões especificas de estudo supracitadas, entrevistas usando roteiros de questões pré-elaborados, com camponeses, representantes de empresas do agronegócio, instituições públicas, promotores, advogados, juízes de tribunais agrários e organizações da sociedade civil. Foram também coletados dados de periódicos especializados, relatórios e sites de entes privados e públicos. A pesquisa analisou as verticalidades oriundas das ações de imobiliárias agrícolas financeiras (IAFs), como a Radar Propriedades Agrícolas S/A (Cosan/TIAA), e horizontalidades oriundas das reações "de baixo" da classe camponesa regional (povos ribeirinhos e brejeiros do Sul do Piauí e Maranhão), caracterizadas entre adaptações, aquiescências, demandas por melhores termos da incorporação e resistências populares amparadas por concepções de justiça agrária e climática. A apropriação e financeirização de terras significou a ampliação da grilagem e da estrangeirização de terras, implicando em danos ao ecossistema do Cerrado e suas populações tradicionais, como a perda de soberania alimentar regional, mudanças climáticas, enfraquecimento do solo e poluição dos rios por agrotóxicos.

https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-23062023-114657/publico/2023_BrunoRezendeSpadotto_VCorr.pdf

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