Modelo de 'megafazendas' é controverso e ameaça países africanos, diz pesquisador

6-10-2013, Folha da S. Paulo
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As "megafazendas" são vistas como saída para o desafio de elevar a produção de alimentos em 60% até 2050 --expansão necessária para alimentar a população mundial, que atingirá 9 bilhões de pessoas, segundo a FAO (braço das Nações Unidas para alimentação e agricultura).

Para isso, os investimentos no setor deverão aumentar dos atuais US$ 8 bilhões por ano para US$ 44 bilhões, acompanhando o maior uso de tecnologia no campo.

'Megafazendas' lideram crescimento no Cerrado

Com a elevada necessidade de capital, a tendência é que os grupos mais estruturados ganhem relevância.

"Nesse contexto, a escala é essencial. Com ela, poderemos atingir a produção ideal", afirma Michael Kugelman, pesquisador do instituto norte-americano Wilson Center e coautor do livro "The Global Farms Race".

Essa necessidade, no entanto, não deixa o tema menos controverso, diz ele.

Desde 2000, 24,8 milhões de hectares foram comercializados para uso agrícola em todo o mundo, segundo a Land Matrix, uma iniciativa internacional global que monitora esse tipo de negócio. Essa área é equivalente à do Pantanal mato-grossense.

Cerca de 60% dessas transações ocorreram na África, onde estão localizados mais problemas. "Os investidores prometem criar empregos locais e dizem que o uso de tecnologia vai melhorar a segurança alimentar. Mas poucos desses benefícios se materializam", afirma Kugelman.

Segundo ele, muitas empresas levam os seus próprios trabalhadores e não utilizam mão de obra local. Além disso, acrescenta, cerca de dois terços dos investidores estrangeiros em países em desenvolvimento planejam vender a sua produção fora das nações em que plantam.

No Brasil, para barrar a especulação, a Advocacia-Geral da União (AGU) dificultou, em 2010, a compra de grandes extensões de terras por estrangeiros. A Argentina adotou medida semelhante.

"Em países democráticos, como o Brasil, é mais fácil impor algum tipo de controle sobre essa atividade. Mas é muito diferente em países como Sudão, Etiópia e Camboja", afirma Kugelman.
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