Docente universitário apreensivo com o futuro dos camponeses em Nampula

26-2-2014, Ndhaneta
Medium_nacala

Pelo menos quatro mil agricultores correm o risco de perder as terras nas quais produzem comida para si e seus dependentes por causa dos megaprojectos, sobretudo os de extracção de recursos minerais, em vias de implantação no Corredor de Nacala, de acordo com o Professor Catedrático da Universidade de Coimbra, Boaventura de Sousa Santos.
 
Boaventura de Sousa, que falava esta segunda-feira (24), em Nampula, na abertura do ano académico da Universidade Pedagógica (UP), disse que a forma como alguns megaprojectos têm sido implantados desrespeita os direitos humanos das populações locais e o Governo não está a tomar medidas eficazes para evitar o problema nem tem o poder de exigir que sejam criadas melhores condições para as comunidades.
 
O académico considerou que, para além de serem arrastados para a pobreza e injustiça social, os agricultores e seu familiares vão ficar sem terra para produzir comida porque nos lugares onde actualmente habitam haverá empreendimentos que muito pouco vão beneficiar as comunidades.
 
“É triste o que está a acontecer em Nacala, os camponeses vão perder as suas terras e os moçambicanos que eventualmente terão a oportunidade de trabalhar nas firmas que estão a surgir vão receber um salário insignificante”, alertou Boaventura de Sousa, para quem o PROSAVANA é igualmente um projecto cujo objectivo não é melhorar a vida das comunidades nem defender os seus direitos.
 
Segundo Boaventura de Sousa, a comunidade académica deve divulgar e defender os direitos sobre o acesso à terra, pois este é o único meio da sua subsistência de milhares de famílias moçambicanas, principalmente as pobres.
 
“Não se apeguem aos lucros e coisas que apenas beneficiam a minoria. Algumas pessoas pouco sabem que têm direitos sobre a terra na qual produzem comida para as suas famílias. Neste contexto, os estudantes universitários têm a dura missão de ajudar a população afectada pelos megaprojectos a entender que ninguém lhe pode retirar a terra nem que seja uma pequena porção”, concluiu o académico.
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