Geórgia aposta em descendentes dos bôeres para ressuscitar campo

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EFE | 01 de março de 2011 | Español

O Governo da Geórgia optou por uma solução pouco ortodoxa para desenvolver a agricultura do país: atrair os descendentes dos bôeres holandeses que se estabeleceram no sul da África com terras a preços irrisórios e cidadania.

O secretário de Estado para Assuntos das Diásporas, Mirza Davitaia, assinou no ano passado um acordo com a União Agrária de Transvaal (TAU, na sigla em inglês) que significou o marco jurídico para a mudança de agricultores bôeres para a Geórgia.

Segundo o canal de televisão "Maestro", o Governo deve vender aos descendentes dos bôeres até 88 mil hectares a US$ 40 cada um, enquanto, no mercado, o hectare, dependendo do tipo de solo e de irrigação, custa entre US$ 740 e US$ 1.000.

"O preço será superior a esse número, US$ 40 não é um preço real", disse nesta segunda-feira à Agência Efe em condição de anonimato um porta-voz do Ministério para Assuntos das Diásporas.

A fonte acrescentou que as conversas com os representantes dos bôeres se encontram em um estado avançado e que "estão estudando os planos de negócios e o tipo de investimentos que podem fazer na Geórgia".

Sobre os agricultores que já chegaram à Geórgia, o porta-voz indicou que "por enquanto são entre 100 e 200, embora o número possa aumentar de acordo com o andamento do projeto".

A primeira fazenda bôer em território georgiano começará a funcionar já no próximo mês, declarou à Efe o diretor-geral da TAU, Bennie van Zyl.

"Trata-se de compartilhar experiências, de mostrar como se trabalha", disse Van Zyl.

De acordo com o dirigente agrário, há planos para organizar fazendas que sejam empresas mistas com georgianos.

"Trabalhando para o futuro da Geórgia, nós também nos transformaremos em georgianos", ressaltou Van Zyl, que acrescentou que as fazendas bôeres criarão postos de trabalho para os camponeses do país.

Atualmente, cerca de 40% da população economicamente ativa da Geórgia trabalha no setor agropecuário, que proporciona 8% do Produto Interno Bruto do país.

Segundo os cálculos do Governo, com a ajuda dos agricultores bôeres, que terão todas as facilidades para adquirir cidadania georgiana, esse indicador pode ser duplicado.

"As vacas dos bôeres dão até 25 litros de leite; as nossas, cinco vezes menos", declarou recentemente o chefe do Programa de Alimentos e Agricultura da ONU para a Geórgia, Mikhail Sokhadze, ao apoiar a iniciativa governamental.

Mas nem todos veem com bons olhos o projeto: a oposição assegura que melhor do que dar terra a estrangeiros é apoiar financeiramente os camponeses georgianos.

"É absurdo trazer ao país gente de outro continente quando temos tão pouca terra boa", disse à Efe a secretária de Relações Exteriores do Partido Trabalhista da Geórgia, Nistan Kirtadze.

As condições preferenciais para a compra de terras são também um motivo de rejeição à presença dos bôeres no campo.

"Tenho 70 anos e dediquei toda minha vida a cultivar a terra. Que falta me fizeram os bôeres? Se querem nos ajudar, que façam com investimentos ou abonos. Nós sabemos trabalhar, e se vivemos mal é porque não temos recursos", comentou a Efe Zazá Turmanidze, chefe de uma família de agricultores.

As críticas não abalaram o projeto do Governo georgiano, que abriu um site (www.georgia.boers.ge) para os descendentes dos holandeses que se estabeleceram no sul da África que se interessem em se mudar para o país também no sul, mas do Cáucaso

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