EFE | 09 de março de 2011
O governo boliviano ameaçou nesta quarta-feira expropriar no país cerca de um milhão de hectares de terras de brasileiros e menonitas, caso venha a ser confirmado que elas foram obtidas ilegalmente ou que não são usadas para produzir alimentos. O vice-ministro de Terras, José Manuel Pinto, disse à rádio estatal que foi identificado o território em mãos de estrangeiros nas regiões de Santa Cruz (leste) e Beni (nordeste), fronteiriças com o Brasil, e se investigará se são terras adquiridas legalmente.
"Verificaremos primeiro como adquiriram a propriedade. Se cumprirem o marco legal vigente, respeitaremos e vamos registrar a propriedade. Se não cumprirem, (as terras) serão revertidas ao Estado e serão entregues a quem necessita delas para a produção", disse. O governo também investigará o uso que os estrangeiros estão fazendo dessas terras, pois, segundo o vice-ministro, "muitos as usam para o narcotráfico e outros fazem desmontes ilegais".
Entre os estrangeiros que supostamente adquiriram terras ilicitamente, o funcionário identificou empresários brasileiros e menonitas mexicanos da colônia de Rio Negro, no Beni. O vice-ministro vinculou este problema à crise alimentícia mundial, já que houve uma crescente necessidade dos países de aumentar sua produção agrícola e, inclusive, de expandi-la a outras nações.
"Não somos contra um estrangeiro ter terras na Bolívia. Podem vir trabalhar e semear, mas que o façam de forma legal, que façam uma produção e exploração legal, cumprindo as normas de nosso país", acrescentou. Em 2006, o governo promulgou uma lei que ordena estudar a legalidade da propriedade de terras, assim como expropriar as que não estejam em produção para reparti-las entre indígenas e camponeses.