Fundos de investimentos avançam sobre agricultura brasileira

11 de maio de 2010

Uma reportagem publicada no jornal Valor Econômico, nesta terça-feira, demonstra as diferentes faces da ação do capital financeiro sobre a agricultura brasileira, como os "fundos de investimentos de operação agrícola", que querem controlar a produção agrícola e ampliar seus lucros.

Para isso, esses fundos fazem associações com outro tipo de capital, os "fundos de investimento em terras" locais e estrangeiros, que têm latifúndios no país. A partir disso, passam a dirigir a sua produção.

"A aquisição de terras traz valorização imobiliária aos fundos, no entanto, o maior ganho vem com a operação da terra, que é o que sabemos fazer", diz o diretor de um grupo transnacional.

Os fundos de investimento em terras atuam por meio da compra de "propriedades agrícolas nas proximidades de ativos de agroenergia - usinas e canaviais - para, no médio prazo, serem usados como moeda de troca por participação em grupos sucroalcooleiros".

A sua expectativa é expandir os canaviais para 21 milhões de hectares até 2020. Atualmente, 8 milhões de hectares são ocupados pela cana-de-açúcar.

Já os "fundos de investimentos de operação agrícola" não querem ser proprietário de terras, mas explorar as atividades agrícolas.

Por isso, ambos se especiaizam nas suas diferentes áreas e atuam de forma combinada na especulação na compra de terras e venda da produção, sob o rótulo de agronegócio.

Abaixo, leia a reportagem do Valor Econômico.

Empresa de olho no apetite de fundos por terra no país

O grande interesse de fundos de investimento em terras no Brasil pode trazer oportunidades de ganhos importantes às empresas que têm expertise em agricultura.

O grupo Maeda, por exemplo, está atento a este movimento como oportunidade de otimizar o conhecimento que acumula há oito décadas: operação agrícola. "Não queremos ser proprietário de terras, e sim plantar, colher e tirar a receita da operação", afirma Roberto Haag, diretor de desenvolvimento do grupo.

Sem dar mais detalhes, o executivo afirma que há oportunidades de parcerias com fundos de investimento locais e estrangeiros que estão investindo em terras e que buscam associações com grupos de expertise na administração agrícola. "A aquisição de terras traz valorização imobiliária aos fundos, no entanto, o maior ganho vem com a operação da terra, que é o que sabemos fazer", diz Haag.

No caso desses investidores estrangeiros, o interesse em terras não ocorre apenas por serem ativos ao mesmo tempo de menor risco e escassos, na avaliação de Aluísio Feres Barinotti, CEO da Nai Commercial Properties, empresa especializada em consultoria imobiliária.

Ele vê claramente que esses investidores têm como estratégia adquirir propriedades agrícolas nas proximidades de ativos de agroenergia - usinas e canaviais - para, no médio prazo, serem usados como moeda de troca por participação em grupos sucroalcooleiros.

Atualmente ocupando cerca de 8 milhões de hectares, os canaviais tendem a avançar no Brasil para 21 milhões de hectares até 2020, segundo previsão da consultoria.

Estes 13 milhões de hectares adicionais terão forte participação de fundos internacionais, que têm potencial de aquisição de, pelo menos, 50% dessa extensão de terra, na avaliação de Barinotti. "A valorização de terras com esse perfil foi de 20% a 25% nos últimos dois anos e tende a crescer", diz.

Nos últimos meses, a empresa, com atuação em 55 países, vem observando interesse além da média de fundos estrangeiros neste mercado. "Temos mais de 20 fundos diferentes recentemente cadastrados com foco nesse tipo de ativo. Nunca vimos um movimento tão grande".

Nos últimos dez anos, a Nai estima que os fundos estrangeiros compraram mais de 2 milhões de hectares no Brasil, em associação com empresas brasileiras. (FB)
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